30 de novembro de 2014

De Domingo



Das tardes de domingo,
Das horas que não passam,
Dos pressentimentos não sentidos,
Da escuridão enorme,
De tudo que trás esse querer ser e
Do que eu não posso e já perdi.

Horizontes quebrantados,
Horas jogadas no mar,
Horas que vão e vem devagar,
Horas que fogem todo instante,
Há motivos para querer julgar?
Há razão que me aprisione?

Quando tenho os mesmos medos
Qualquer coisa não basta
Quer saber?
Quase escapa pelos meus dedos
Quase esqueço de esquecer
Que não preciso ser tão complicada.

Mas como me descomplicar?
Mais amor pra cá? Mais poesia?
Mar e maresia?
Mora lá perto de casa,
Muda pra praia,
Minha manha de domingo.

Daniele Vieira

22 de novembro de 2014

Simples Azul Profundo

Ele se sentou na varanda, perto dos meus discos de vinil, com um ar cansadoramente inebriante
Tinha em suas mãos papel e caneta azul profundo, precisou mais de um trago daquele ar úmido
E com um sorriso devastador, ele destrinchou as primeiras palavras, as quais o mesmo não sabia explicar... Mas ele se sentia tão impotente!
Ah, os cantos da palma já estavam todos borrados e o papel manchado de azul profundo, azul mundo!
Qual eu pertenço, qual minhas cumbucas estão espreitas pela casa, qual lírios brotam na varanda!
Mas ele estava sentado na varanda e nem cheiro, e nem calmaria, alcançavam seu coração escuro...
Nem as rimas fracas e nem a metrificação! Estava tudo tão cinza e perturbador, mas tão sincero!
Tão cálido, tão joia, tão simples! Ele se permite ri de tal sentimento devorador, entusiasmador e conflitante! Isso trás paz... Trás simplicidade gigante!
Arrastava os dedos no papel, nunca precisou de muito e mais uma vez tinha uma péssimo rascunho numa folha datada. Não precisava de mais nada.

Daniele Vieira

19 de novembro de 2014

Madrugada Devora

Eu andava na chuva com jeito
Agora já quase caio, tantos defeitos
Antes que fosse um parada qualquer
Imaginando problemas onde houver
Intrigas, barulhos, palavras que devoram
Andando sem direção, outra escada
Esperando qual será a próxima piada...
São apenas opiniões que me degolam...

E essa capa em cima do balcão do hotel
Tá tão frio aqui fora, tão sujo esse céu
As ruas submergem esdrúxulas, molhadas
No outo lado corre um cara de mão armada!
Medo, reações e sentimentos que devoram
Imundos e sedentos estímulos urbanos
Aah, mas tão travessos e levianos!
Nem as mais doces poesias os saciam!

Luzes de led brilhando no breu melancólico
Cuidando do mendigo de humor alcoólico
Correr pra onde? A vista daqui é bem agradável
Pra quê ter quando se pode admirar o inalcançável?
Estranho vazio (cheio) da madrugada que me devora
Joga-me na parede e me intriga mais e mais
Como se eu fosse vulnerável, pequena e não capaz
Grita, burla, chora e provoca essa emoção que aflora.

Daniele Vieira

2 de novembro de 2014

É Hora De Ilustrar


Ilustra esse vão cinzento com cores que eu não entendo
Tarde, é tão tarde para entender o que não deveria nem tentar
O meu jeito nunca foi na verdade meu, já não sei o que tenho
Nem o que eu deveria ter, palavras me faltam, motivos também...

É hora, era tempo, nuvens degolavam minhas ideias pálidas
Eu sei, não preciso estimular essas aspirações que custam a aspirar
Venho, pra quê não enfrentar essas manias obsoletas de minha prosa?
Obséquio sentimento, eu deveria querer mais? Eu deveria? Quero mais...

Figura essa dança que eu nunca consigo acompanhar, eu não entendo
Cedo, é tão cedo para entender o que não consigo nem acompanhar
Esse jeito talvez um dia seja meu de verdade, talvez eu saiba que tenho
Tudo o que eu deveria ter, movimento me inspira, emoções também...

É hora, era tempo, nuvens degolavam minhas ideias pálidas
Eu nunca sei se preciso encorajar esses anseios que custam a ansiar
Vou, pra quê enfrentar esses desafios que desaguam em minhas palavras?
Inundam com cores que eu não entendo, mas que eu queria que fossem minhas...

Cores tão sozinhas, tão juntas, tão fraternas
Perdi-me ao não querer o suficiente para mim
É hora, era tempo, para inspirar o cinzento
Eu deveria criar mais? Palavras não me faltam...

Daniele Vieira