26 de fevereiro de 2013

Parecer-Ser: Parte II


  Sabe aquele instante que tudo parece parar e a criatividade inunda seus pensamentos? O sopro das lembranças infantis misturado com perfume de madeira molhada e grama recém cortada, invadem impondo sua presença acolhedora e quente em todos os lugares. A sensação é de está em paz, a solidão traz o sossego e logo induz a autoanálise. Tantas perguntas complicadas para respostas simples e monossilábicas...  Mergulho-me em ideias fantasiosas, onde as árvores são grossas, altas e latifoliadas, a floresta é verde escura, calma e silenciosa e as gramíneas me convidam para entrar... Acordo, não posso me direcionar para meus pesadelos. Persuasão é o poder. É persuadindo com fantasias utópicas que induzo meus sonhos. Perco a espontaneidade e tudo parece bem.
  Pareço-ser quem quero ser, pareço-ser quem espera as reações sintetizarem, pareço-ser quem nunca falha. Tudo parece bem, o meu parecer-ser se deleita entre minhas alternativas contemporâneas de estilos. Tudo é afetado, persuadido, mudado. E na boca, sobra aquele gosto amargo de desapontamento. Enquadro minha frustração em minhas paredes emocionais, posiciono as camadas de decepções em letras minhas e contemplo essa agonia, que ainda na tristeza, não deixa de ser bela. A minha confiança é delegada para outros setores, um tanto impessoais e diretos. 
  Obra de arte me ver ainda de pé desse jeito, a dor se torna viciosa e a sensação reconfortante. Quando parabenizada por tal virtude me sinto fraca, na verdade sufocada, é como não fosse algo complicado... Viver desviando da sua criatividade negativa, se escondendo de presságios e acumulando decepções. Amo criar incondicionalmente e isso é algo que meu parecer-ser não reflete e sim submerge ao peito.

Daniele Vieira

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