27 de janeiro de 2013

LUTO: SANTA MARIA


A vida é frágil. 
Frágil demais para nos importarmos com a política e as formas forjadas de chamar a atenção.

Somos feitos de laços.
Laços esses que nos prendem as emoções, familiares, amigos, coisas. Laços que podem afrouxar e desamarrar tanto quanto ficarem mais fortes.

Temos tempo suficiente.
Tempo suficiente para viver, tempo que, dependendo do cuidado, pode-se estender ou diminuir. Tempo suficiente mas não para os imprevistos, mas não para os descasos traiçoeiros do destino.

Sentimos dor e isso é desgastante.
Sentimos a perda. Sentimos a falta. Sentimos a raiva. Sentimos o ódio. Sentimos que talvez se fizéssemos alguma coisa, mesmo que pequena, poderíamos mudar a história toda. Sentimos impotente. Sentimos a ruptura quebrando nossa alma e as nossas dores se acumulando e impregnando no nosso coração.

Queremos justiça. Queremos praticidade.
Queremos respostas para as perguntas complicadas. Queremos nosso beijo de Bom Dia. Queremos a verdade. Queremos a verdade de verdade. Queremos solução e não desculpa. Queremos os sorrisos de canto e as olheiras universitárias. Queremos os filhos com suas mães. Queremos os filhos da pátria não nas estrelas da bandeira e nem nas do céu, queremos eles de volta. Queremos rebobinar a fita. Queremos praticidade para resolver os problemas do Brasil.

Então vem a culpa. Quem foi o culpado?
O(a) jovem que decidiu ir se divertir? Que não ficou em casa? Que não tem "religião"? Que é rebelde? Ou será que a culpa é do dono da boate? Ou da fiscalização local? Ou de quem autorizou o estabelecimento funcionar sem estar nos padrões ideias? Ou será que foi a banda e sua atração pitoresca? Ou do segurança que não deixou sair antes de pagar? Ou de quem mandou o segurança fazer isso? Ou de quem se salvou pisando nos outros que caiam? Ou a culpa é do governo da cidade? Ou a culpa é do Brasil? Ou a culpa é do capitalismo? De quem é a culpa?

A culpa é de todos nós.
Todos que poderiam fazer melhor. Todos que deixaram de fazer o necessário para não ter que se esforçar. Todos que não prestam socorro diante de uma tragédia desse porte. A culpa não é uma acusação e sim uma consequência. Se todo mundo fizesse pelo menos um pouquinho, apenas um pouco, os problemas irão sumindo, porque de pouquinho em pouquinho tem um resultado gigante.

Uma tragédia requer nova visão social.
O que aconteceu hoje foi uma tragédia internacional. Países do mundo inteiro se mobilizaram e se sensibilizaram com o ocorrido. Artistas, músicos, autores, atores e entre outros famosos mostram seus sentimentos mandando orações, preces, poesias e etc. O passado recente arranha o futuro. Precisamos de mudanças. Fiscalizações corretas, gerenciamento correto, bandas responsáveis, seguranças atentos, porta de saída de emergência larga... E isso é só o começo, precisamos mesmo é de um país que se compromete com a segurança dos seus cidadãos.

 Luto pelos jovens de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

Daniele Vieira
*Fotografia minha de janeiro de 2012.

26 de janeiro de 2013

Meu Conforto


Teu conforto é meu aquário
Me prender nesse vazio meio cheio 
Um pouco antiquado, doí o agrado
Meu conforto é o mar molhado

Com ondas dançado sapateado,
Descansando debaixo do céu estrelado
Indo e voltando, beijando a areia salgada
Viver a aventura sem ficar preocupada

Meu conforto é um tanto poético
De chão silvestre e telas em braco ético,
Com velas acessas em literatura romântica
Onde tem calma mais tem dinâmica.

Daniele Vieira

24 de janeiro de 2013

Suavemente Sufocá-los


Suave sufoca o Era uma vez...
Decidi sair, sabe, talvez comprar sonhos,
Sufocá-los em balões e distribuir paras crianças,
Abrir o sorriso delgado, curto, meio pro lado, até poético.

Suavemente deixar o elogio para depois,
Deitar-me entre outras melodias e apreciar-me...
Repetindo contínuamente como um mantra... Apreciar-me.
Até sufocá-los, suavemente sufocá-los, todos os meus anseios.


Daniele Vieira

20 de janeiro de 2013

Borrei Meu Azul De Vermelho


Borrei meu mar parnasiano de vermelho,
Minha estrada com decoração para casório...
No meu azul turquesa manchando o desabrochar,
Onde as pétalas esquecem de dançar
Para prestigiar o vazio da solidão.

Borrei meu batom vermelho anos 50,
Acinturei meu desejo para não desejar todo tempo
O outro lado da história, homenageando o improvável,
Andando na neblina, brindando pelo vão
Que ocupa meu meu coração.

Borrei meu azul de vermelho, 
Talvez fosse meu medo crescendo por inteiro,
Medo de estar sozinha na neblina, de estar à deriva
Na beira de outra loucura paradoxal,
Que ninguém entende.

Daniele Vieira

3 de janeiro de 2013

Tempo Selvagem, Belo Sério


Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...

Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...

Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...

Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...

Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...

Tão Jovens! Tão Jovens!

Legião Urbana
- Tempo Perdido - 

1 de janeiro de 2013

2013


Foi infantil o que desejei?
Eu clamei por devaneios,
E a culpa não veio...

Meus anseios borram no bucólico
Alegando que deveria ficar aqui,
Isso te deixaria mais feliz?

Eu só podia sorrir, estive assim por longo tempo
Sem afinidade, sem intimidade, sem motivação,
Ainda assim, o compartilhar me aquecia por dentro.

Enchi meu copo de qualquer coisa,
Enchi meu coração de amargura,
Até derramar-me em esperança...

Não quero estar lá 
Para quem desgastar
Meu 2013.

Daniele Vieira